Diário testou

Metade das paradas de ônibus localizadas nas faixas Velha e Nova precisa de conserto

Marcelo Martins

Fotos: Gabriel Haesbaert (Diário) 
Parada sem cobertura próximo da Igreja do Amaral, na ERS-509 (Faixa Nova de Camobi)

O transporte público é, conforme a Constituição Brasileira, um direito social. Mas, quase sempre, o que se vê por aí são frotas precarizadas e paradas de ônibus sucateados e, muitas vezes, inexistentes. Em Santa Maria, a exemplos de inúmeros municípios, a situação não é diferente. As vias entupidas com veículos particulares - que contrastam com a falta de corredores exclusivos para ônibus (exceto em um trecho da Rua do Acampamento) - ganham um componente igualmente preocupante: a ausência de abrigos em pontos de ônibus. E os que existem, muitas vezes, sequer protegem contra o sol e a chuva.

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A reportagem percorreu, na última terça-feira, um trajeto de 16 quilômetros que, juntos, somam 51 pontos de ônibus. O itinerário contemplou as faixas Nova (RSC-287) e Velha (ERS-509), que dão acesso aos bairros Camobi, São José, Maringá, entre outros.

O RESULTADO
Dos 51 pontos, 36 têm paradas cobertas. Porém, dessas que contam com cobertura, 12 - um terço - têm algum tipo de problema: teto de zinco retorcido, bancos soltos, entre outras adversidades, como mato alto, que se mostram um perigo ao usuário. Outros 15 pontos mapeados não têm qualquer proteção contra sol e chuva.

O estudante do Ensino Fundamental Kevyn Gonçalves, 16 anos, embarca sempre pela manhã cedo em um dos ônibus que cruzam a Faixa Nova e, para ele, a situação das paradas de ônibus é algo que preocupa.

- Aqui mesmo (a parada quase na esquina da Rua Heitor da Graça Fernandes), só tem a placa, mas não há qualquer cobertura. É muito ruim, tanto em dia de chuva quanto em dia de calor. Poderia se ter um pouco mais de respeito - reclama.

Na Faixa Velha de Camobi, a situação é ligeiramente melhor. Em decorrência da obra de duplicação da rodovia, já finalizada, o projeto contemplou paradas de ônibus novas de concreto que foram construídas ao longo da duplicação. Cenário que é comemorado em tom comedido pelo serviços gerais Éwerton Cordeal da Cruz, 29 anos:

- Cara, aqui está boa a estrutura. Pelo menos, o material (de concreto) é melhor que o zinco.

COMO ESTÃO OS ABRIGOS
Faixa Nova (RSC-287)

  • 11 paradas cobertas
  • 5 paradas em que há somente a placa do ônibus
  • 1 parada sem placa
  • 2 paradas sem abrigo nem placa
  • Total de paradas - 19

Faixa Velha (ERS-509)

  • 25 paradas cobertas
  • 3 paradas em que há somente a placa do ônibus
  • 2 paradas sem placa
  • 2 paradas sem abrigo nem placa
  • Total de Paradas - 32

MAPEAMENTO INCONCLUSIVO
Em maio do ano passado, quando o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) sancionou o aumento da passagem de R$ 3,60 para os atuais R$ 3,90, o Executivo condicionou a correção tarifária à necessidade de um mapeamento, pelas próprias empresas de ônibus, da situação das paradas. O decreto pontuava que as empresas ficariam "obrigadas a apresentar um levantamento sobre possíveis melhorias a serem realizadas em abrigos e terminais de ônibus do perímetro urbano". 

O saldo, de acordo com a prefeitura, não é preciso. Por e-mail, foi dito que o "número de paradas a serem consertadas e/ou retiradas é muito flutuante".   

Em julho de 2018, Pozzobom chegou a afirmar que a situação a que os usuários do transporte coletivo são submetidos era "vergonhosa e indigna". Na época, o prefeito afirmou: "quando vejo essas cenas, de pessoas trabalhadoras esperando o ônibus na chuva, de outro lado (da rua) porque não tem estrutura, me dói o coração"

A Associação dos Transportadores Urbanos (ATU), que reúne as seis empresas de ônibus da cidade, informa que há 1,7 mil paradas "sem qualquer sinalização e sem abrigos". Ainda conforme a associação, entre 70% e 80% desse número apresentam algum problema estrutural.

PROMESSA DE MELHORIA: R$ 500 MIL PARA ABRIGOS
A falta de um mapeamento conclusivo sobre a situação dos pontos de ônibus por parte do poder público dificulta uma radiografia mais detalhada, reconhece a própria prefeitura. Outro limitador enfrentado pela Secretaria de Mobilidade Urbana é a falta de um orçamento específico para a compra de paradas.  

Em meio ao chamado cobertor curto, o fiador de uma mudança de realidade será o empréstimo obtido pelo Executivo de R$ 28 milhões junto ao Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) - que tem sido utilizado para a recuperação asfáltica de ruas e avenidas -, acena a prefeitura. Conforme o projeto de trabalho apresentado pela prefeitura à Caixa (para a obtenção do empréstimo junto ao governo federal), estão previstos R$ 500 mil para as demandas das paradas.

Ainda assim, em uma tentativa de enxugar gelo, a Secretaria ressalta que "tem realizado melhorias em alguns pontos, conforme disponibilidade". Dessa forma, "são retirados abrigos de ônibus para conserto e instalados após manutenções, entre outras ações necessárias", acrescenta a nota.

A estimativa da prefeitura é que "cerca de cem paradas que precisam de reparos" e, até o momento, "foram reformadas e instaladas/reinstaladas em torno de 60 abrigos".

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